Pari esta coisa num estado de consciência completamente alterado. Ainda estou tentando fazer caber na minha cabeça a intenção com que escrevi esse negócio (e mais alguns outros, que escrevi no mesmo dia e vou botar* por aqui na seqüência**!)
*um aluno meu escreveu isso numa prova, bota água e aí ta tudo separado!
**foda-se o acordo ortográfico, pronto, falei!
bem, o poema:
Auto de traição
hei de ser traído
minha musa se enrola na minha língua dentro
do meu cérebro
vai tentando me dar nó
até quando vou vivendo sem calmante
ó
metalíngua
ó
saco.
terça-feira, 4 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
defino meus caminhos quando o sol se põe
Acho justo, muito justo, comigo e com potenciais leitores disto aqui, postar alguns poemas mais antigos que são a minha profissão de fé. Não que eu tenha muito disso. Mas minha própria poesia é minha oração, minha confissão, e meu reconhecimento de mim mesmo em todos os homens. Minha oração pra ninguém, que não há ajuda que não venha de dentro; por isso, minha poesia é minha oração pra mim. Pro outro que eu sou também.
Em suma, eu gosto desses poemas e pronto. Vou postá-los! Desse em especial.
Quando o escrevi, eu tinha nele alguma fé, como se o próprio poema pudesse me arrebatar e iluminar. Fé inocente das crianças. Não a dos moribundos e dos velhinhos, a quem a fé lhes serve para planejamentos futuros; às crianças é pura e bela satisfação do espírito humano, penso logo existo, de onde vim e tal.
Já escrevi melhores. É cheio de blá blá blá. Mas eu gosto dele mesmo assim, e esse é o meu blog, porra.
Quando o poema já está parido, já está todo pintado com os fluidos do meu corpo. Tem gosto de bile ou de sangue, e escorre miolos. É um poema encarnado. Ainda aprendo a fazer poesia com o olhos. Hoje nem defino meus caminhos. Deixo esta difícil tarefa para os meus pés, ó meus pés.
Mas eis o poema. Byron que revire-se na tumba!
VOSSA ROSA EVANESCENTE
defino meus caminhos quando o sol se põe
pois que quando nasce minhas memorias se queimam
e devo vivê-las mais uma vez para que sejam de mim
a parte que chega com a aurora
nas horas de espera da madrugada
eu beijo minha vida e abençôo minha morte
como que a cada dia mais próximo daquele em que nasci
que quando se eleva diante de meus olhos com todo o esplendor
com a nobreza daqueles que a sombra cruzaram
o sol meus sóis ao meu lado sempre
o ar frio da manha em meu peito é uma benção
a cada dia buscando o primeiro, vivendo na graça do último e derradeiro eclipse de nossas almas evanescentes - como a própria bruma que se vai para voltar
quando seu bálsamo no éter da noite as almas em flor tiver de embalar
eis de vossa rosa evanescente a graça e a glória
daqueles que amam, a dor e o sacrifício
daqueles que sabem que retornarão
daqueles que vivem a cada noite o reencontro e a despedida
de tudo o que é santo e sagrado
e voltam calados na luz que lhes brota do peito
como quem canta uma canção inaudível
que todas as criaturas podem ouvir
vossa rosa evanescente: eis a razão de vossa vinda
é doce e sereno o caminho de vosso eterno retorno
(quando aprenderdes o caminho
ja tereis chegado)
Em suma, eu gosto desses poemas e pronto. Vou postá-los! Desse em especial.
Quando o escrevi, eu tinha nele alguma fé, como se o próprio poema pudesse me arrebatar e iluminar. Fé inocente das crianças. Não a dos moribundos e dos velhinhos, a quem a fé lhes serve para planejamentos futuros; às crianças é pura e bela satisfação do espírito humano, penso logo existo, de onde vim e tal.
Já escrevi melhores. É cheio de blá blá blá. Mas eu gosto dele mesmo assim, e esse é o meu blog, porra.
Quando o poema já está parido, já está todo pintado com os fluidos do meu corpo. Tem gosto de bile ou de sangue, e escorre miolos. É um poema encarnado. Ainda aprendo a fazer poesia com o olhos. Hoje nem defino meus caminhos. Deixo esta difícil tarefa para os meus pés, ó meus pés.
Mas eis o poema. Byron que revire-se na tumba!
VOSSA ROSA EVANESCENTE
defino meus caminhos quando o sol se põe
pois que quando nasce minhas memorias se queimam
e devo vivê-las mais uma vez para que sejam de mim
a parte que chega com a aurora
nas horas de espera da madrugada
eu beijo minha vida e abençôo minha morte
como que a cada dia mais próximo daquele em que nasci
que quando se eleva diante de meus olhos com todo o esplendor
com a nobreza daqueles que a sombra cruzaram
o sol meus sóis ao meu lado sempre
o ar frio da manha em meu peito é uma benção
a cada dia buscando o primeiro, vivendo na graça do último e derradeiro eclipse de nossas almas evanescentes - como a própria bruma que se vai para voltar
quando seu bálsamo no éter da noite as almas em flor tiver de embalar
eis de vossa rosa evanescente a graça e a glória
daqueles que amam, a dor e o sacrifício
daqueles que sabem que retornarão
daqueles que vivem a cada noite o reencontro e a despedida
de tudo o que é santo e sagrado
e voltam calados na luz que lhes brota do peito
como quem canta uma canção inaudível
que todas as criaturas podem ouvir
vossa rosa evanescente: eis a razão de vossa vinda
é doce e sereno o caminho de vosso eterno retorno
(quando aprenderdes o caminho
ja tereis chegado)
domingo, 2 de maio de 2010
Certo. Cedi. Guardo na gaveta o papel e a caneta predileta, e deixo dissolver cloridricamente o apego.
Gosto de escrever só com o pensamento, sem anotar nada. Gosto de correr com as palavras, pra ver se elas me alcançam.
Um dia, eu vou pensar, e o poema se há de traduzir, transliterar e registrar sozinho. A mente é mais rápida que a linguagem. Um dia, vou parir um poema que não terá verso. A métrica e a rima já as abandonei há tempos; no meu próximo poema vou deixar também o verso.
Não haverá palavra. Não haverá imagem. Nem som. Nem forma. Mas será todo uma metáfora, um despejamento de luz gratuito e não traduzido, não contido, não mediado, sem rédea nenhuma.
Um poema nu. Um poema plural, o sentimento poético inteiro, sem o filtro das poucas palavras que conheço.
Será um poema sobre-humano?
Ou justamente por não me passar pelas mãos, falaria abertamente de minha humanidade?
Gesto este poema. Quando lher der à luz, será ele quem me iluminará. Sem versos me iluminará.
Enrolei, enrolei e enrolei, era só pra dizer que resolvi começar a postar por aqui as minhas crias.
Evoé! Que destas orgias em meu cérebro nasça um rebento de luz!
Gosto de escrever só com o pensamento, sem anotar nada. Gosto de correr com as palavras, pra ver se elas me alcançam.
Um dia, eu vou pensar, e o poema se há de traduzir, transliterar e registrar sozinho. A mente é mais rápida que a linguagem. Um dia, vou parir um poema que não terá verso. A métrica e a rima já as abandonei há tempos; no meu próximo poema vou deixar também o verso.
Não haverá palavra. Não haverá imagem. Nem som. Nem forma. Mas será todo uma metáfora, um despejamento de luz gratuito e não traduzido, não contido, não mediado, sem rédea nenhuma.
Um poema nu. Um poema plural, o sentimento poético inteiro, sem o filtro das poucas palavras que conheço.
Será um poema sobre-humano?
Ou justamente por não me passar pelas mãos, falaria abertamente de minha humanidade?
Gesto este poema. Quando lher der à luz, será ele quem me iluminará. Sem versos me iluminará.
Enrolei, enrolei e enrolei, era só pra dizer que resolvi começar a postar por aqui as minhas crias.
Evoé! Que destas orgias em meu cérebro nasça um rebento de luz!
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