domingo, 2 de maio de 2010

Certo. Cedi. Guardo na gaveta o papel e a caneta predileta, e deixo dissolver cloridricamente o apego.
Gosto de escrever só com o pensamento, sem anotar nada. Gosto de correr com as palavras, pra ver se elas me alcançam.
Um dia, eu vou pensar, e o poema se há de traduzir, transliterar e registrar sozinho. A mente é mais rápida que a linguagem. Um dia, vou parir um poema que não terá verso. A métrica e a rima já as abandonei há tempos; no meu próximo poema vou deixar também o verso.
Não haverá palavra. Não haverá imagem. Nem som. Nem forma. Mas será todo uma metáfora, um despejamento de luz gratuito e não traduzido, não contido, não mediado, sem rédea nenhuma.
Um poema nu. Um poema plural, o sentimento poético inteiro, sem o filtro das poucas palavras que conheço.
Será um poema sobre-humano?
Ou justamente por não me passar pelas mãos, falaria abertamente de minha humanidade?

Gesto este poema. Quando lher der à luz, será ele quem me iluminará. Sem versos me iluminará.

Enrolei, enrolei e enrolei, era só pra dizer que resolvi começar a postar por aqui as minhas crias.
Evoé! Que destas orgias em meu cérebro nasça um rebento de luz!

4 comentários:

  1. Que modernidade ate um "blog"!! eh o amor que arrebatou o bardo =D
    e ai brunoviski como estao as coisas, como as coisas estao?
    bjos

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  2. O bardo está sempre arrebatado por alguma paixão. Senão não seria um bardo! hehe!
    Difícil é o caminho do coração do bardo, que muda direção como quem muda de rumo no meio de um sonho!
    Caralho de ascendente em Peixes... por que não fiquei só como meu Sagitário?

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  3. Você me ganhou com a lua e o tabaco de Drummond... meu poeta químico. Como não amar?

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  4. lindos! lindos! lindos! Mestres do Univ.!

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