segunda-feira, 3 de maio de 2010

defino meus caminhos quando o sol se põe

Acho justo, muito justo, comigo e com potenciais leitores disto aqui, postar alguns poemas mais antigos que são a minha profissão de fé. Não que eu tenha muito disso. Mas minha própria poesia é minha oração, minha confissão, e meu reconhecimento de mim mesmo em todos os homens. Minha oração pra ninguém, que não há ajuda que não venha de dentro; por isso, minha poesia é minha oração pra mim. Pro outro que eu sou também.

Em suma, eu gosto desses poemas e pronto. Vou postá-los! Desse em especial.
Quando o escrevi, eu tinha nele alguma fé, como se o próprio poema pudesse me arrebatar e iluminar. Fé inocente das crianças. Não a dos moribundos e dos velhinhos, a quem a fé lhes serve para planejamentos futuros; às crianças é pura e bela satisfação do espírito humano, penso logo existo, de onde vim e tal.
Já escrevi melhores. É cheio de blá blá blá. Mas eu gosto dele mesmo assim, e esse é o meu blog, porra.
Quando o poema já está parido, já está todo pintado com os fluidos do meu corpo. Tem gosto de bile ou de sangue, e escorre miolos. É um poema encarnado. Ainda aprendo a fazer poesia com o olhos. Hoje nem defino meus caminhos. Deixo esta difícil tarefa para os meus pés, ó meus pés.

Mas eis o poema. Byron que revire-se na tumba!


VOSSA ROSA EVANESCENTE

defino meus caminhos quando o sol se põe

pois que quando nasce minhas memorias se queimam
e devo vivê-las mais uma vez para que sejam de mim
a parte que chega com a aurora

nas horas de espera da madrugada

eu beijo minha vida e abençôo minha morte

como que a cada dia mais próximo daquele em que nasci

que quando se eleva diante de meus olhos com todo o esplendor

com a nobreza daqueles que a sombra cruzaram

o sol meus sóis ao meu lado sempre

o ar frio da manha em meu peito é uma benção

a cada dia buscando o primeiro, vivendo na graça do último e derradeiro eclipse de nossas almas evanescentes - como a própria bruma que se vai para voltar

quando seu bálsamo no éter da noite as almas em flor tiver de embalar

eis de vossa rosa evanescente a graça e a glória

daqueles que amam, a dor e o sacrifício

daqueles que sabem que retornarão

daqueles que vivem a cada noite o reencontro e a despedida

de tudo o que é santo e sagrado

e voltam calados na luz que lhes brota do peito

como quem canta uma canção inaudível

que todas as criaturas podem ouvir

vossa rosa evanescente: eis a razão de vossa vinda

é doce e sereno o caminho de vosso eterno retorno

(quando aprenderdes o caminho

ja tereis chegado)

Um comentário:

  1. Puro e sincero.
    E isso, meu caro professor, não pede métrica ou rima. Poema torna-se poema quando escrito com certa leveza.

    =)

    Não sabia que Químicos também tinham dessas..
    HAUAHAUAHAUS

    estou seguindo seu blog.
    beeijo ^^

    http://surteei.blogspot.com

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